Existe um consenso na indústria automotiva de que o Brasil está atrasado na produção de tecnologias locais.
Aqui não se produz sequer transmissões automáticas. No entanto, o aumento na demanda por veículos mais eficientes iniciou um movimento de nacionalização de tecnologias.
A americana BorgWarner, que produz turbo compressores para veículos de passeio, afirma que planeja fazer também sistemas híbridos no Brasil.
“Acreditamos que daqui 3 ou 5 anos, se houver demanda, seja possível produzir um sistema híbrido no Brasil”, disse Vitor Maiellaro, gerente-geral da empresa no país.
A BorgWarner no exterior, já fornece sistemas híbridos completos para fabricantes como Porsche, Audi e Volvo.
Para o Brasil, a empresa aposta em um conjunto que pode ser adaptado em motores a combustão já existentes, exigindo apenas que se faça adaptações pequenas.
a SEG Automotive, que é outra fornecedora da industria, produz no exterior o sistema de recuperação de energia para os chamados “híbridos leves”.
Chamado de BRM, ele substitui o alternador, além de trabalhar como motor elétrico, fazendo o veículo rodar a até 15 km/hcom energia elétrica.
A SEG, atualmente fornece o sistema para o Mercedes-Benz Classe C 200 EQ Boost produzido em Iracemápolis (SP). Porém, o componente chega importado.
De acordo com o diretor de vendas e marketing da SEG, Humberto Gavinelli, não há uma visão clara de quando o BRM poderia ser feito no Brasil.
“Normalmente, iniciamos a produção em outros países, e depois, trazemos via CKD. Conforme a produção aumenta, iniciamos a produção local”.
Ou seja, mesmo fornecendo para a Mercedes, ainda não há volume que justifique a produção no Brasil. Mas Gavinelli acredita que isso pode mudar em um horizonte de 5 anos.
“Nesse caso do BRM, enxergamos como grande potencial para atender novas fases do Rota 2030. Mas depende muito da tecnologia que cada montadora vai utilizar”, completa.
Outro componente que visa a melhoria no consumo de combustível, o start-stop, já alcançou este patamar para a produção nacional.
A SEG, cuja divisão de alternadores e motores de partida pertencia à Bosch, já fabrica no Brasil o sistema responsável por desligar o motor em semáforos e congestionamentos.
Desde 2014 eles equipam os carros da FCA. E a partir do fim deste ano, também serão usados em modelos de uma outra fabricante, ainda mantida em sigilo.
A BorgWarner também anunciou que irá produzir seu sistema de start-stop no Brasil a partir do final de 2020, para um modelo que começa a ser feito no país em 2021. A empresa não informou qual é a cliente.
O mercado de híbridos ficará mais movimentado nos próximos anos. Um dos mais importantes lançamentos acontecerá ainda em 2019, já com produção nacional.
É a próxima geração do Toyota Corolla, com previsão de lançamento no segundo semestre deste ano. Caberá ao sedã a façanha de ser o primeiro híbrido com motor flex do mundo.
Inclusive, a Toyota promete que ele será o híbrido mais limpo do mundo, já que o índice de emissões de veículos movidos a etanol é consideravelmente mais baixo do que nos similares que utilizam gasolina.
Mas há um detalhe. Apesar de o sedã ser feito em Indaiatuba (SP), a Toyota irá importar o conjunto híbrido, fabricado pela própria empresa. E, enquanto o volume não for alto, os japoneses também não cogitam iniciar uma produção local.
A Nissan, outra fabricante japonesa, fez um anuncio em abril passado uma parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para desenvolver o uso do bioetanol nos veículos elétricos no Brasil.
De acordo com a Nissan, o uso do bioetanol não tornará o carro elétrico um conjunto híbrido.
A utilização do combustível é estritamente para criar uma nova forma de geração de energia e recarregar as baterias do veículo.
A ideia é colocar o etanol em uma Célula de Combustível de Óxido Sólido (SOFC, na sigla em inglês) para que ocorra uma geração química e existam outras opções para carregar o modelo, além de plugá-lo na tomada.
Fonte: https://jornalbrasilpecas.com.br/industrias-de-autopecas-tecnologia-hibridos-no-brasil/
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